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Silencioso

O silêncio é o lugar onde nos devemos refugiar quando queremos ser pessoas verdadeiramente espirituais. Só aí Deus fala ao coração. Colocar-se em silêncio é contemplar Deus dentro de nós, é
sair em busca de Deus. Só o desprendimento de “todo o criado” é fonte de liberdade interior e de silêncio.
Para a mística Teresa de Jesus, nós somos “templo de Deus, nesta sua morada, onde só Ele [Deus] e a alma se gozam mutuamente num profundo silêncio. O entendimento não precisa se mexer nem andar à procura de nada”.
O silêncio amargo e duro recusa a dar à outra pessoa a oportunidade de mudar aquela atitude que me magoou. Também se recusa a permitir que eu compreenda as necessidades dos que me
rodeiam. O silêncio suave e flexível permite que as outras pessoas falem. Mais do que isso, permite-me ver o mundo a partir do ponto de vista da outra pessoa.
O silêncio calmo e recetivo acolhe as ideias daqueles que me rodeiam. Confere-lhes dignidade e valor. Dá-me acesso a outro aspeto da minha personalidade.
O silêncio cobarde parece concordar com toda a gente mas, no fim, contribui mais para a divisão do que para a unidade. Não põe nada em questão, não compreende nada, não adianta nada em
qualquer grupo. Preocupa-se mais com a segurança do que com o crescimento.
O silêncio exige-nos que prestemos atenção ao nosso tumulto interior. Recusa-se a deixar-nos ignorar as nossas maiores interrogações sobre a vida. O silêncio que tenta ocultar os segredos de nós próprios só serve para corroer as nossas próprias almas. Não há virtude em guardar silêncio em frente à injustiça. Esse tipo de silêncio só nos torna cúmplices ou prisioneiros daqueles que se recusam a deixar que outra verdade seja proferida. O silêncio que guardamos na companhia do mal é mau. A verdade proclamada a partir do centro do silêncio é sempre um dom.

Marco Caldas, OCD

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