Rosto missionário do Alto Minho
O ROSTO MISSIONÁRIO, Frei Redento da Cruz
Português, Militar, Carmelita Descalço e Mártir
– 29 de novembro –
A história do Bem-aventurado Frei Redento da Cruz (Tomás Rodrigues da Cunha) é, sem dúvida, uma fonte de inspiração e reflexão, repleta de episódios que evocam admiração e respeito. A sua vida testemunha uma entrega radical à fé, um exemplo de coragem que transcende as tentações e apelos do mundo em que viveu.
I. De militar a missionário: chamamento extraordinário
Nascido em Paredes de Coura, no século XVI, Tomás Rodrigues da Cunha iniciou a sua vida adulta como militar, numa carreira que prometia glória e prestígio. Era uma época marcada pela expansão marítima portuguesa, em que as terras das Índias e o comércio de especiarias ofereciam sonhos de riqueza e ascensão social para muitos jovens ambiciosos.
No entanto, a sua vida mudou de forma radical quando entrou em contacto com os Carmelitas Descalços, influenciado pelo fervor espiritual de São João da Cruz e Santa Teresa de Ávila. Sentindo um chamamento mais profundo, que ia além das ambições terrenas, renunciou à carreira militar e ingressou nos Carmelitas Descalços, mudando o seu nome para Frei Redento da Cruz, símbolo da sua total entrega à vida contemplativa e ao serviço de Deus.
II. Missão e martírio em terras longínquas
O seu zelo missionário levou-o ao Oriente, onde participou numa embaixada diplomática ao reino de Achem, na ilha de Sumatra (actual Indonésia). A missão tinha como objectivo estabelecer relações pacíficas, mas rapidamente se tornou um cenário de tensão religiosa.
Frei Redento e os seus companheiros foram traídos e aprisionados, acabando por enfrentar torturas brutais e morreu como mártir no dia 15 de novembro de 1619, confessando a sua fé até ao último instante. Este momento foi o ponto culminante de uma vida de renúncia, coragem e dedicação total a Cristo.
III. Reconhecimento e esquecimento
A Igreja Católica reconheceu oficialmente o seu sacrifício, e Frei Redento foi beatificado em 1900 pelo Papa Leão XIII. Contudo, apesar deste reconhecimento, a sua figura permanece amplamente desconhecida, mesmo em Portugal. Este facto sublinha como, por vezes, figuras de grande relevância espiritual podem cair no esquecimento histórico.
IV. Lições para o presente
A vida de Frei Redento da Cruz oferece-nos pautas de vida que continuam a ser actuais:
1. Coragem para ir contra o esperado: Num tempo em que seguir a busca por riqueza e poder parecia o caminho natural, Frei Redento escolheu uma vida de simplicidade e serviço.
2. Fidelidade à fé: Mesmo perante o sofrimento extremo, nunca renegou as suas convicções, deixando um testemunho de firmeza espiritual.
3. Vocação ao serviço: A sua missão revela um desejo de ser ponte entre culturas e religiões, mesmo em contextos hostis.
A vida de Frei Redento da Cruz é um convite a cada um de nós para reflectirmos sobre as escolhas que fazemos perante as pressões do mundo. É um testemunho de que os valores de fé, coragem e dedicação podem transformar as situações mais adversas em exemplos duradouros de inspiração e esperança.
Fmc