Simplicidade que confronta a complexidade
A oração silenciosa é profundamente simples. E o místico São João da Cruz alerta-nos para o valor do silêncio: “A maior necessidade que temos diante deste grande Deus é de guardar silêncio no espírito e na língua, pois a linguagem que Ele ouve é só a do amor silencioso.”
São João da Cruz | 1542 – 1591 (Carta 8 às Carmelitas Descalças de Beas)
E é precisamente essa simplicidade que muitos consideram difícil. Vivemos rodeados de complexidades, problemas e exigências que moldam a nossa vida espiritual. Quem não reza regularmente tende a pensar que a oração requer tempo, técnica ou uma habilidade especial. Contudo, a simplicidade desta prática desafia essas suposições.
Na Bíblia, o episódio de Naamã, o sírio leproso (2 Reis 5), ilustra bem a nossa tendência de procurar soluções complicadas para questões simples. Naamã, esperando um ritual grandioso para a sua cura, rejeita inicialmente a instrução simples do profeta Eliseu: lavar-se no rio Jordão. É o seu servo que o leva a refletir: “Se o profeta te tivesse pedido algo extraordinário, não o terias feito?”
Tal como Naamã, somos frequentemente atraídos por métodos complexos deixando de lado a profundidade que reside na simplicidade da vida.